Todo educador sabe que o apoio da família é crucial no desempenho escolar. Pai que acompanha a lição de casa. Mãe que não falta a nenhuma reunião. Pais cooperativos e atentos no desempenho escolar dos filhos na medida certa. Esse é o desejo de qualquer professor.
Segundo um estudo publicado no Journal of Family Psychology, as crianças que frequentam festas e reuniões familiares têm mais saúde, melhor desempenho escolar e maior estabilidade emocional. E mesmo o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, apontou que nas escolas que contam com a parceria dos pais, onde há troca de informações com o diretor e os professores, os alunos aprendem melhor.
Diversos educadores brasileiros também defendem que a família realize um acompanhamento da escola, verificando se seus objetivos estão sendo devidamente alcançados.
Essa atuação dos pais ainda é bem rara. Por que pais e professores ainda não conseguem se entender? A maior parte dos educadores atribui aos pais a origem dos problemas de disciplina. E apontam como fatores o novo modelo familiar, no qual os adultos permanecem pouco tempo em casa, ou ainda aquele que apresenta uma organização diferente da tradicional.
Para a pedagoga Márcia Argenti Perez, que estuda os conflitos entre a escola e a família, a culpa é do tempo maluco em que vivemos. "Mudanças que antes ocorriam em 100 anos agora acontecem em dez e está muito difícil acompanhar as novas exigências sociais e culturais", diz.
Hoje há uma confusão de papéis, cobranças para as duas instituições e novas atribuições profissionais para você. "Parece haver, por um lado, uma incapacidade de compreensão por parte dos pais a respeito daquilo que é transmitido pela escola. Por outro lado, há uma falta de habilidade dos professores em promover essa comunicação".
A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim eles vão se sentir comprometidos com a melhoria da qualidade escolar. Muitas instituições não informam à família sobre o trabalho ali desenvolvido e isso dificulta o diálogo. "Ou os pais cobram o que não deveria ser cobrado ou ficam desmotivados e não participam de uma comunidade que não deixa claro seus objetivos ", afirma Márcia.
Para melhorar a relação, alguns conceitos precisam ser revistos:
Perceba a construção da família atual e não mistifique o modelo do passado como ideal.
Tenha claro que é direito dos responsáveis pelos estudantes opinar, fazer sugestões e participar de decisões sobre questões administrativas e pedagógicas da escola. A educação é um serviço público, e o pai, um cidadão que deve acompanhar e trabalhar pela melhoria da qualidade do ensino.
Apoie a Associação de Pais e Mestres, para que ela não se restrinja a apenas arrecadar dinheiro. Não dá para contar com os pais apenas na organização de festas.
Para que as reuniões tenham quórum, é preciso ter objetivos bem definidos e conhecer as famílias e a comunidade em que a escola está inserida. Planejamento é essencial, a reunião não pode ser vista como uma prestação de contas.
Reflita sobre os preconceitos e as discriminações existentes na escola. Não é necessariamente o grau de instrução do pai e da mãe que motiva uma criança ou um adolescente a estudar, mas o interesse em participar de suas lições de casa e da vida escolar. Como muitos pais têm um histórico de exclusão e fracasso escolar, existe medo e vergonha de trocar ideias e conversar com os educadores.
Não parta do princípio de que a família precisa ser ajudada pela escola e sim de que a escola precisa dela.
Todo diretor tem que dar conta da participação familiar e para isso a gestão não pode ser autoritária.
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